Barra do Galo: Que Beleza... "Apenas Um Torcedor Na Área Destinada Aos Fãs Do Santa Cruz "

O que leva alguém a ficar em Porto Alegre no único final de semana de folga do trabalho (sim, jornalista labuta até nos domingos), tendo oportunidade de passar os dias na praia, na piscina, na sombra, no Interior? O futebol.

Passei a semana toda na dúvida: fico e vou ao Olímpico torcer para o Santa Cruz ou aproveito para visitar a família, beber com os amigos? Mas e se o Galo ganha do Grêmio, ainda mais no tal “Monumental”, como acontecera com o Lajeadense? Vou perder isto? A maior façanha de todos os tempos?

É claro que não. Vesti uma camiseta neutra, enfiei a alvinegra no bolso e fui caminhando até o Estádio. Passei despercebido, errei de bilheteria umas duas vezes, até chegar ao portão correto. Perguntei ao segurança:

- Tem alguém na torcida do Santa Cruz?

- Não, tu és o único – respondeu-me.

Como a Barra do Galo sempre se atrasa, nem me preocupei. Passei pela revista policial, vesti a camiseta da equipe e sentei-me no meio da arquibancada. Começou a partida e vi que seria realmente o único ali naquele canto, atrás do gol. Eu, quatro PMs – proteção exclusiva – e alguns funcionários.

E como valeu a pena. Vibrei muito com o gol do Cristiano, logo aos 17 minutos. Não quis nem saber. Estava sozinho, mas e daí? Gritei, comemorei.

Foi quando chegaram as mensagens de texto, os telefonemas. Amigos, parentes. Ouvi até na Gaúcha o Gabardo mencionando a vibração do solitário torcedor do Santa Cruz.

Ruim que minha alegria durou pouco. 1, 2, 3, 4 gols do adversário. Mas é óbvio que a equipe gremista é muito superior, com seus salários de mais de R$ 200 mil. Garanto que só a grana que o Gladiador recebe todo mês paga toda a folha salarial do Galo no ano. A goleada foi o resultado mais normal que poderia ocorrer. Por isto, não fiquei chateado.

Como escrevi no Twitter, “A minha presença solitária no Olímpico é uma crença no futebol do Interior e no Gauchão. Somos poucos, mas tenho certeza que há outros por aí”.

Só tenho dois desejos: que o Santa Cruz não seja conhecido como o clube de um torcedor só e que não caia para a segunda divisão. Não agora, quando completaremos 100 anos de existência.