O momento nos Plátanos é de planejar o futuro

Presidente Décio Gassen fala dos planos do Santa Cruz, que no ano do centenário, sonha em ter um novo estádio

O empresário de transportes coletivos Décio Gassen, 47 anos, é o fato novo que surgiu no futebol de Santa Cruz do Sul nestes últimos anos. Ele reorganizou o Santa Cruz em termos estruturais, administrativos e financeiros, mas no futebol, que é a razão de ser do clube, ainda encontra enormes dificuldades em conseqüência da ausência de um departamento amador estruturado. O investimento no Gaúchão foi superior a R$ 1 milhão de reais. Recursos que vieram da cota de televisão, patrocínio das camisetas e apoio de empresas. Semanalmente um grupo de conselheiros se reúne para principalmente projetar o futuro. Um dos sonhos dos cardeais do Galo é chegar ao ano do centenário, em 2013, com as dívidas zeradas e em casa nova.

A campanha

"Acho que fizemos um bom campeonato. No primeiro turno encontramos problemas, quando o time não engrenou, mas mesmo assim ficamos fora das quartas de finais por uma vitória. Aí o vice de futebol, Eduardo Heuser, trocou a comissão técnica e buscou novos jogadores e o resultado foi o esperado. Fomos eliminados nas quartas pelo Inter, no Beira-Rio. Numa avaliação geral, na minha opinião, a campanha foi boa, levando-se em conta o orçamento que tivemos".

Os recursos

O orçamento de 2011 foi baixo, já que desde a construção do novo gramado em 2009, o Santa Cruz sempre é obrigado a antecipar parte da cota de patrocínio do ano seguinte, para fechar o ano. O compromisso com os profissionais estão todos saldados, mas preocupa o déficit mensal de R$ 5 mil. A tendência do clube é buscar receita na FGF para fechar o ano.  Na avaliação do mandatário, o Santa Cruz apenas terá condições de manter em atividade o departamento de futebol nos 12 meses, com dobro de receita. “Hoje o Santa Cruz convive com déficit mensal e isso me preocupa muito", avalia.

Categorias de base

Uma das metas quando assumiu o comando do clube era fazer futebol o ano todo. Passado cinco meses do Campeonato Gaúcho, Décio admite uma decepção, mas alega falta de recursos. "Fechamos os números do Gaúchão dentro do limite e agora para manter um time profissional em atividade teríamos que contar com pelo menos R$ 200 mil para ter as mínimas condições.  Tinha essa idéia, mas mudei de planos  para não inviabilizar o clube na parte financeira em 2011, pois ,com certeza, iria faltar dinheiro", diz.
Existe um esboço de reativar os juniores ou a categoria juvenil. Para o projeto sair do papel é necessário arrumar R$ 90 mil. Décio nos encontros semanais com os conselheiros está buscando apoio de um grupo de empresários que seriam parceiros do clube e numa negociação destes atletas no futuro teriam participação na venda.
- Hoje acredito que somente com apoiadores o Santa Cruz terá condições de montar um Junior ou juvenil. O retorno que vamos dar e a participação na venda do garoto no futuro, projeta.

Ações trabalhistas

Além dos refis do INSS (onde o clube paga mensalmente R$ 2.400,00 nos próximos 48 meses), o Santa Cruz tem quatro ações trabalhistas que totalizando hoje em torno de R$ 180 mil. Todas as ações estão parceladas e a receita vem do aluguel do posto de gasolina junto ao estádio dos Plátanos. Segundo Gassen, as dívidas estão sob controle e a prioridade hoje e evitar novas ações para chegar com a casa em dia no ano do centenário. “O nosso departamento jurídico está acompanhando de perto as ações e estamos pleiteando junto à empresa uma reavaliação no valor do aluguel. Se tivermos êxito, com certeza vamos tentar saldar a dívida num prazo mais reduzido".

Temporada de 2013

Ainda é cedo falar em 2013. O valor da cota de televisão será de R$ 700 mil, mas líquido deve sobrar em torno de R$ 580 mil para o Santa Cruz. Valor insuficiente para montar time para o campeonato. O restante a direção terá que buscar junto a patrocinadores.

Sucessão presidencial

A reação de Décio Gassen foi negativa sobre a permanência no comando do clube em 2013, alegando compromissos com sua empresa de transportes coletivos. Mas na seqüência admitiu continuar desde que tenha mais colaboradores. “A grande maioria não conhece as dificuldades do dia a dia de um clube profissional. Por isso, para ser presidente é preciso do apoio de um grupo de pessoas. Estou com a idéia de antecipar as eleições para agosto, para que o novo presidente tenha mais tempo de trabalho visando à próxima temporada".

Novo estádio

Há anos, mesmo sem recursos disponíveis, o Santa Cruz vem tratando do complexo do estádio dos Plátanos, como melhorias nos vestiários e arquibancadas. Um grupo de dirigentes manteve contato com o poder público para tratar da construção de uma nova arena para os clubes. Mas as chances são remotas do sonho da arena virar realidade. O Santa Cruz discute duas alternativas. A primeira de encontrar parceiros para uma ampla reforma dos Plátanos e, a segunda, a permuta da atual área do estádio por um novo local. Segundo Décio, contatos para a permuta já foram iniciados.
- Inicialmente mantivemos contato com o poder público para ver da possibilidade da construção de uma nova arena. Mas paralelamente a isso, mesmo porque a decisão não será nossa, estamos buscando outras opções e, entre elas, está a troca da atual área por um novo local. E os primeiros contatos já foram mantidos neste sentido, comenta.

Ano do centenário

Estamos projetando o ano do centenário. Para mim a grande vitória da família Carijó será chegar com as contas zeradas. Tudo está sendo realizado neste sentido, mas não depende apenas de mim e sim do grupo de pessoas que vivem o Santa Cruz. Com certeza vamos realizar uma bela festa, quem sabe  com um show nacional e uma classificação para uma competição à nível nacional.